quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Pessoas com HIV em tratamento vivem tanto quanto quem não tem o vírus

Pesquisa mostra que o tratamento é considerado “uma das histórias de maior sucesso da saúde pública nos últimos 40 anos

Um estudo publicado no periódico The Lanced mostra que jovens vivendo com HIV possuem uma expectativa de vida “bem perto do normal” – é sempre bom ressaltar que HIV e AIDS são coisas diferentes: um é o vírus que causa a doença, o outro é a doença em si.


Para os cientistas da Universidade de Bristol, jovens europeus e norte-americanos que começaram o tratamento antirretroviral entre 2008 e 2010 possuem uma expectativa de vida de 73 anos para homens e 76, para mulheres. Nos EUA, a expectativa de vida para quem não vive com o vírus é de 77 anos para os homens e 81, para as mulheres — o brasileiro vive em média 75 anos, de acordo com o IBGE. 

Os números foram comemorados pela comunidade científica, uma vez que a expectativa dos portadores do vírus norte-americanos em 1996 era de 60 anos. 

O sucesso se deve, em grande parte, aos avanços médicos na área, que incluem remédios mais modernos com menos efeitos colaterais e com maior eficiência no combate da proliferação do vírus no organismo.  A combinação de cerca de três ou mais medicamentos já é considerada "umas das histórias de maior sucesso da saúde pública nos últimos 40 anos".

Recentemente, cientistas afirmaram ter conseguido eliminar o vírus do organismo de animais vivos pela primeira vez na história. Isso aumenta as esperanças para uma possível cura. A organização internacional amfAR, Fundação para a Pesquisa da AIDS estima que até 2020 os cientistas já poderão anunciar uma cura efetiva. 

Estigma e preconceito
Vale lembrar que o Brasil é referência mundial no tratamento da doença. Todo brasileiro que tem HIV pode ser tratado pelo sistema público de saúde sem custo nenhum. Mas estamos longe de resolver a questão.

Isso porque, enquanto a medicina avança a passos largos, a mentalidade em relação ao vírus ainda está estagnada na década de 1980. Ao mesmo tempo em que cientistas afirmam que pacientes em tratamento com a carga viral indetectável e sem outras ISTs não transmitem o vírus, por exemplo, ainda há quem tenha "medo". 

Além disso, a imagem cadavérica dos portadores do vírus da década de 1980 em nada tem a ver com os de hoje. Uma série de campanhas e ações ajudam a trazer mais informações sobre a questão, como a página Conversaria Sem Tabu, do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP, e os canais Projeto Boa Sorte, HDiário, Doutor Maravilha, Super Indetectável e Prosa Positiva. 

A falta de informação, o preconceito e a antiga ideia de que a AIDS é uma doença "de gays" faz com que cada vez mais pessoas sejam infectadas e não busquem o tratamento simplesmente porque não sabem que são portadoras. Isso fez com que, apesar do tratamento, os números da doença voltassem a subir no país. 

Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), a população vivendo com a doença no País passou de 700 mil, em 2010, para 830 mil em 2015, com 15 mil mortes por ano.

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